QUARTO DO MENINO
Em 2019, na BGS o primeiro lugar em que parei — após uma longa viagem de ônibus e encarar metrô e etc, para chegar a feira, a bordo da minha cadeira de rodas — foi justamente uma instalação chamada “Quarto do Menino” que vou chamar carinhosamente de QDM nas próximas citações.
Deu vontade deitar na cama e tirar um cochilo, pena que não deu, já que a cama estava ocupada pelo famoso Shota Nakama, conhecido por criar concertos com músicas de games.”.
O QDM foi uma genial instalação que reproduziu um quarto típico de um menino nos meados de 1980. Tudo ali era original, video games, móveis, posteres e objetos diversos, tudo funcionando, inclusive computadores da época, com jogos em fita K7 e que funcionavam e estavam a disposição do público, para tocar, cheirar e jogar… principalmente jogar.
Não deitei na cama, mas fotografei o quarto em 360°, já que tinha ido preparado para captar este tipo de imagem, que mostra integralmente o quarto e também este fotógrafo 🙂
Quem nasceu depois do século passado não teve a oportunidade de curtir, ainda na infância o prazer que era dar de cara com algo que as crianças da atualidade, que já posam para selfie ao nascer não tem como entender, porque respiram tecnologia o tempo todo, mas nos anos 80, ter um video game em casa era considerado o status máximo, nível ninja.
Na minha juventude, nos anos 70, já existiam video games, mas não estavam nas casas e sim em locais chamados Fliperamas e que — só para machucar — eram proibidos para menores de idade (Pode isso, Arnaldo?). Como nunca fui um moleque conformado, fiz minha própria mesa de Fliperama, mas isso é outra história.
Algumas pessoas que viram o QDM na BGS, chegaram às lágrimas, sem exagero, realmente o lugar tocou fundo o coração dos que tinham vivido alguma parte daquela instalação, seja pelos computadores antigos, os móveis ou posteres de época, alguma coisa ali, ativava as melhores lembranças que temos da infância e juventude.
Os computadores que mais faziam sucesso nesta época eram da linha MSX e ZX, quem estavam substituindo os video games, como o Atari 2600, que foi a sensação da década, muito bem descrita por Marcus Garret em seu livro, “1983 + 1984, Quando os video games chegaram” que está disponível publicamente, em PDF, basta clicar na imagem.
Marcus é um dos mais nostálgicos produtores de conteúdo relativo a informática do Brasil e um dos diretores da Bitnamic, que além de criar software para os micros atuais, foca em criá-los também para micros antigos, com tudo que se tem direito, inclusive gravação em fita K7.
Estou coçando de vontade, mas não posso dizer nada — ainda — só adianto que MS terá uma surpresa bem legal com a Bitnamic em 2021.
Mas o mais legal é mesmo este video, gravado pelos mesmos produtores do QDM e que também são produtores do Loading, um vídeo fantástico contando a história dos jogos no Brasil, contada pelos próprios criadores em entrevistas, o vídeo é um verdadeiro presente de Natal… você simplesmente precisa ver!
Fique agora com mais algumas imagens do QDM, ou para matar a saudade ou para ver como o passado pode estar bem presente.
Comecei minha manhã de natal com uma sensação interessante, um momento retrô, uma verdadeira viagem no tempo. Me vi lendo MS, onde em um artigo repleto de saudades e memórias, Divino Leitão, um dos maiores responsáveis por minha paixão por computadores e tecnologia, relata o que muitos vivemos em várias “viagens” guiadas por pedaços de códigos, fitas k7, teclados de borracha e velhas tvs em momentos de aprendizado, sonhos e muitas conquistas… Muitos daqueles, quartos do garoto, ainda estão firmemente tatuados em nossas memórias… E me lembro que exatamente há 39 anos eu estava sentado num desses pedaços históricos de vida, com um zx e um exemplar de Micro sistemas, a número 2, com o curso de Basic e um código de um jogo de adivinhar número…. E aí se iniciava a minha história com microcomputadores … Saudades grande amigo… Um imenso abraço “divindade suína”…
Grande Giuliano, o tempo vai passando e tantas coisas mudam, mas o que move alguns objetivos nunca muda. Quando comecei a trabalhar na MS também era somente um cara que desejava apenas aprender e quando percebi estava fazendo o melhor dos dois mundos, aprendia e descobri que ensinava, quando alguém me diz que se apaixonou por computadores e foi empurrado por um artigo, por uma matéria, da qual tive o privilégio de participar, sinto que tudo valeu a pena e é o que ainda me move a continuar a fazer a MS, mesmo que as vezes pareça que ninguém lê. bem diferente de uma era em que a MS era basicamente a única coisa que existia para ler.
O fato é que enquanto estiver tocando um coração ou mente, que seja, valerá sempre a pena continuar este trabalho.
É assim que me sentia, quando decidi que a MS não tinha que ficar mais esquecida na história e decidi que tinha que continuar de alguma maneira. Sempre fico muito feliz quando alguém me diz que fui “culpado” por algo relativo a ter seguido na informática, é algo muito bom de se ouvir, porque esta sempre foi a ideia, contaminar as pessoas com esse vírus do bem… que é a informática. Obrigado pelas palavras.
Thank you!!1