SÈRIESGERALREPORTAGEM

HASTA LA VISTA

Parte 12 de 12 da série BGS 2019

I WILL BE BACK… BGS!

Alguns estandes passavam uma sensação de grandiosidade, de energia, era só passar perto e dava vontade de entrar e participar e a disputa pelo público era acirrada, valia tudo, especialmente o som… a quantidade de sons diferentes que se ouvia era absurda… trio elétrico perde.

Gostei particularmente das máquinas de fliperama e arcade, de todos os tipos, disponíveis para o público estavam um verdadeiro game show, as pessoas podiam se divertir a vontade e efetivamente usaram este espaço. Circulei por lá e vi todos se divertindo, muito felizes.

Minha iniciação aos vídeo games foi nestas máquinas, mal podia entrar, já que os ambientes eram proibidos para menores de 18 anos, mas eu dava um jeito, fazia amizades com os proprietários e eles me deixavam fazer mais que entrar, cheguei a ser beta-tester de máquinas e até ganhava pra isso, tudo bem que eram apenas brindes, coisas pra um moleque de 14 anos, louco pra jogar, mas meu maior prêmio era estar lá. Quando descobria um fliperama em que podia entrar me tornava cliente VIP,  só saia quando terminava o dinheiro das fichas, por sorte eu já trabalhava e sempre sobrava algum.

Cheguei a fazer minha própria máquina de fliperama, pesquise no Google que com certeza já devo ter falado sobre isso em algum lugar…

Muitos locais inovaram com seus campeonatos. O Quiz foi a escolha preferida e em alguns lugares com ótimos prêmios e assim mantiveram o público ocupado e ligado no que queriam mostrar. Foi o caso da VGDB, que fazia um QUIZ atrás do outro, sempre com muita participação do público. 

Alguns estandes ofereceram “cartões de fidelidade” com prêmios se você usasse todos os equipamentos, em cada lugar um carimbo lhe garantia um prêmio ou participar de um concurso no final.

O que ficou claro é que se trata de uma feira para o público e não essencialmente para B2B, embora isso não esteja descartado. Esta tem sido a tônica da BGS, pelo que pude ler das feiras anteriores, já que a bem da verdade esta é minha primeira BGS, como visitante. Já fui em pelo menos uma das primeiras, como expositor, mas ainda eram eventos modestos, que estavam cativando o público, o que vejo agora é um evento capaz de colocar os games no lugar que sempre mereceram… o topo da montanha 🙂

A sensação de imersão, causada por alguns cenários e principalmente pelos cosplayers – presentes de forma maciça – foi inebriante. Teve momentos que simplesmente parei em alguns lugares, esqueci que estava ali a trabalho e me coloquei no lugar do jogador, que se vê numa espécie de Disneylândia, com seus personagens favoritos. Volta-se a ser um pouco criança.

Ao entrar no “quarto de menino” pude ter a sensação que na verdade nunca tive, porque conheci os games domésticos com bem mais que 16 anos. Mesmo assim estive várias vezes no quarto de sobrinhos ou de alunos e a sensação era exatamente esta, o videogame era o centro da casa para as crianças e a razão de estarem ali, todos juntos, torcendo ou jogando, algo que em certo momento a TV causou as famílias e permitia reunir os vizinhos, na época em que nem todos tinham TV em casa, o videogame era assim, alguns felizardos tinham e os amigos iam lá pra brincar.

No meu tempo de moleque, quem fazia isso eram as mesas de ping-pong, de totó ou o velho Banco Imobiliário. Quem tinha podia reunir os amigos em casa e jogar até se fartar. Os vídeo-games e computadores vieram depois, criando outro tipo de interação e atualmente temos os celulares, que na verdade isolam as pessoas. Não podemos deixar morrer esta tradição das pessoas se encontrarem e se divertirem… 

Um dos jogos que criei, o Batalha Espacial, foi assim. Num dia de Natal, estavam lá em casa várias crianças da vizinhança e caia uma chuva torrencial. Acontece que eu havia comprado umas naves espaciais de plástico, um saco inteiro e todos eles tinham algumas. Recortei uns pedaços de papel, escrevi os nomes dos planetas do sistema solar, coloquei uns valores e começamos a brincar de conquista espacial. O sol saiu lá fora mas a brincadeira continuou até o mestre aqui não aguentar mais, ou varavam a noite jogando. Como percebi o interesse acabei fazendo o jogo, que foi meu primeiro jogo com cartas… ainda tenho algumas.

Um exemplo de app para celular que foi contra esta tendência de isolamento, foi o Pokemon Go, um app que estimula as pessoas a saírem do isolamento, caminharem e se  encontraram. Na época que saiu, meados de 2016, se tornou uma febre e era comum encontrar grupos de caçadores de Pokemon nas ruas, trocando experiências e informações. O jogo ainda existe, mas está longe de manter o sucesso que teve no seu lançamento. Outros jogos similares vieram, na mesma onda, mas nenhum chegou a fazer o mesmo sucesso… ficamos no aguardo do próximo 🙂 

Ali na BGS, era como se o Brasil inteiro tivesse vindo para a festa. A fila na rodoviária para pegar o transporte para a feira era imensa e isso no segundo dia do evento, fico imaginando como ficou nos finais de semana.

Até onde pude perceber, a empresa contratada para fazer o serviço fez direito – pelo menos no dia em que usei – pois saia um ônibus e chegava outro.

Na rodoviária do Tietê era possível ver quem tinha chegado para a feira, vestiam aquele traje típico de quem vai a uma feira de jogos e outros mais radicais já estavam devidamente caracterizados com seu cosplay. Na próxima já desço do ônibus com a câmera ligada 🙂

NOVOS TEMPOS

Feiras eram parte do meu dia-a-dia nos anos 80/90, já perdi a conta de a quantas fui ou do que eram, tinha feira de tudo e em algumas tive o prazer de ver meus próprios jogos como atração, como no caso de um estande da Prológica, onde o que parecia serem um milhão de TVs Philco, daquelas meio redondinhas, mostravam minha versão de “Q*Bert” saltando repetidamente num desenho pixelado ou então a nave de “Cavernas de Marte” chegando ao planeta e tudo em P&B ou a beleza do Amazônia do RD, com aquela tela colorida de matar de inveja.

Nesta época dourada, tinha o prazer de ser assediado para dar os mesmos autógrafos que hoje dão um John Romero, um Al Lowe ou o mesmo o injustiçado Howard Warshaw, que experimentou a honra de ser o melhor e também o pior, como acontece com ídolos de qualquer torcida. Só não havia a (merecida) pompa que isso tem nos dias de hoje.

Jogos de computador nos anos 80 eram “brincadeira de criança” e hoje movem fortunas, embora para chegar ao topo seja necessário também gastar fortunas e nem sempre o retorno compensa.

A BGS está ai para nos lembrar que os jogos vão além da pura diversão, podem ser um negócio de milhões, principalmente de milhões de corações satisfeitos.

Em 2020, a MS pretende estar na feira com uma presença mais marcante, talvez até mesmo como expositores e não apenas visitante. Este porco escrevinhador certamente estará mais preparado e além de uma cadeira vitaminada estará com uma perna biônica (ambos com amplo espaço para patrocinadores) que vai permitir estar em mais lugares, mais dias e fazer uma reportagem tão grande que vai dar para ler até começar a BGS 2021.

Então que venha a BGS 2020, se deixarem, estarei lá por mais que um dia e costumo cumprir minhas ameaças 🙂

VIDEOS E FOTOS EM 360°

Algumas imagens em 360°, captadas pela MS estão ilustrando esta matéria, porém há muitas outras que não entraram e algumas que ainda serão adicionadas. Foram criados dois álbuns, um no Youtube, com vídeos em 360° e outro no Facebook, com imagens em 360°. Clique nas imagens para ver estas coleções.

Álbum no Facebook, com as fotos em 360°.
Playlist no Youtube, com os vídeos em 360°, da BGS 2019.

Então fica aqui o até logo deste seu repórter textual/fotográfico e meu até logo, porque em breve voltaremos a falar da BGS 2020, inclusive com um exclusivo manual de sobrevivência, que será indispensável para quem não quiser ver a feira tão de longe, quanto você que não foi lá, mas curtiu esta reportagem.

Não esqueça de compartilhar com os amigos  e principalmente nos dizer o que achou deste formato de matéria… que foi publicado durante 12 dias, pulando apenas os domingos, que é dia de descansar ou ler os textos que não pode ver durante a semana.

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Divino Leitão

Safra de 57, um cara das artes, professor e coordenador do CPD da MS. Desde sempre!

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